domingo, 28 de março de 2010

D. Teodoro e a pedofilia!

«O antigo bispo do Funchal, D. Teodoro de Faria, considera "um exagero" as críticas feitas à Igreja por causa dos casos de pedofilia, alegando que "todas as classes têm defeitos deste género". "Se formos ver em proporção, a Igreja é a que tem menos, se bem que tenha maior responsabilidade", justificou, em declarações à agência Lusa».
in Diário de Notícias, edição online de 28/03/2010.

Todos os crimes de pedofilia são ofensas graves à vida de crianças inocentes e os praticantes devem ser punidos e tratados. No caso dos crimes praticados pelo clero, as vítimas são, na sua maioria, crianças do sexo masculino, e, segundo a Sociedade Americana de Psiquiatria, "A evolução [da pedofilia] é habitualmente crónica, especialmente no caso dos sujeitos que se sentem atraídos por rapazes. A taxa de recidiva para sujeitos com Pedofilia com preferência pelo mesmo sexo é cerca de 2 vezes superior à dos sujeitos que preferem o sexo oposto." in DSM-IV-TR, 4º Edição, pág. 571

Mas o que revolta as pessoas quando se fala na prática de pedofilia por parte de membros da igreja, é o facto de a própria igreja ter escondido esses mesmos abusos, e com isso promovido a sua continuação, ao invés de entregar os criminosos à justiça civil. Qualquer pessoa que esconda crimes de abuso sexual está a ser conivente com um crime horrendo, e deve ser julgada por isso.

terça-feira, 23 de março de 2010

O deus-das-lacunas (2)

As histórias sobre curas miraculosas que a medicina moderna não consegue explicar são das mais usadas para apoiar as crenças em divindades. Ainda há alguns dias atrás vi a notícia de uma freira que diz ter ficado miraculosamente curada da doença de Parkinson de que padecia, por intercessão de João Paulo II. Portanto, se eu tenho uma doença para a qual ninguém conhece a cura, e se ficar inexplicavelmente curado dessa doença, é-me prontamente apresentada uma explicação: deus. Mais uma vez, o nosso velho deus-das-lacunas (aquele que parece ganhar sempre por defeito).
O nosso conhecimento tem vindo a aumentar imensamente, mas ainda é muito limitado. Algumas pessoas não conseguem viver sem terem uma explicação para tudo: uma parte dessas pessoas dedica-se às ciências para tentar reunir um conjunto de conhecimentos que consigam explicar aquilo que as incomoda; outras encostam-se ao sobrenatural.
Outro problemas com esta história das doenças é o facto de elas existirem. O mal que existe no mundo é o argumento mais forte que eu apreendi para sustentar a minha descrença no cristianismo, mas mais sobre a incompatibilidade do sofrimento humano com um deus omnipotente, omnipresente e bondoso noutro post!

domingo, 21 de março de 2010

Encontrei Jesus!!!

Devo confessar que na última custou um bocado...

terça-feira, 16 de março de 2010

Milagre!

Todas as religiões têm estórias de milagres, e todas as pessoas de uma religião são cépticas em relação aos milagres das outras religiões. Os ateus são cépticos em relação aos milagres de todas as religiões. Como disse David Hume, "Nenhum testemunho é suficiente para demonstrar um milagre, a não ser que o testemunho seja de natureza tal que a sua falsidade seja mais milagrosa que o facto que tenta demonstrar." Acontecimentos extraordinários podem acontecer, e embora, nas palavras de Carl Sagan, "requeiram provas extraordinárias", podem ao longo do tempo tornar-se lendas e ficarem acreditados como milagres. Ilusionistas profissionais conseguem fazer truques que parecem milagres (apanhar balas com a boca, ou cortar pessoas ao meio), mas ninguém acredita que eles tenham poderes mágicos.
Ainda hoje não conseguimos explicar tudo o que se passa à nossa volta, mas com o avanço das ciências já conseguimos perceber como funcionam fenómenos que já foram considerados como milagres, e atribuídos a deuses. Por outro lado, os deuses parecem ter deixado de fazer milagres... Ou se os fazem são milagres muito "fraquinhos", facilmente explicados ou refutados. A pergunta que se impõe é: porque é que deus não cura amputados?

segunda-feira, 15 de março de 2010

A evolução e as crenças

Muita gente usa o argumento de que a evolução natural não favoreceria falsas crenças, ou melhor, não favoreceria espécies que fossem incapazes de entender convenientemente a realidade. Se isso fosse verdade, estariam estão certas todas as religiões? A evolução não premeia a verdade, mas sim o que se demonstrar útil. E não há dúvida que a religião já foi bastante útil, em tempos. Deus foi usado de forma a obrigar as pessoas a respeitar a lei, através do medo do castigo eterno, por exemplo. Hoje em dia já não precisamos de acreditar em deus para sermos boas pessoas, e cumprirmos as nossas obrigações. Para além disso a religião continua a ser usada para justificar males terríveis por esse mundo fora. O facto de acreditarmos na vida eterna já foi útil quando os cristãos eram mortos no Coliseu, ou em qualquer guerra, mas hoje em dia, a crença num mundo melhor à nossa espera leva pessoas a atirarem aviões contra prédios cheios de pessoas. Está na altura de deixarmos ficar a religião na história, assim como deixámos ficar a astrologia quando a astronomia surgiu.
O nosso cérebro evoluiu de modo a ser capaz de imaginar o futuro, de modo a fazer previsões sobre acontecimentos que ainda não aconteceram, e desse modo ajudar na nossa sobrevivência. Nós conseguimos imaginar muitas coisas que não são verdadeiras, é um sub-produto da capacidade de imaginar coisas que podem vir a ser verdade. Na realidade, os cientistas já identificaram alguns factores biológicos que diferenciam pessoas capazes de ter experiências religiosas de pessoas que são incapazes de o fazer. Por exemplo, o químico dopamina, presente no cérebro, aumenta a probabilidade de vermos padrões onde eles não existem. Num novo campo de investigação - neuroteologia, já identificaram o lóbulo temporal como um local no cérebro que consegue gerar experiências religiosas.

quarta-feira, 10 de março de 2010

"...toda a gente acredita"

É verdade que ao longo da história, a maioria das pessoas acreditou em, pelo menos, um deus. Mas só pelo facto de algo ser popular, não o faz verdadeiro. A maioria das pessoas já acreditou que a Terra era plana, e era o centro do sistema solar, e de facto verificou-se que ambos eram falsas pretensões. O número de ateus no mundo está a crescer, mas quando chegar o dia em que a maioria seja ateia, também isso não será prova de que deus não existe. Hoje em dia na Holanda, por exemplo, existem muitos mais ateus do que teístas, ao contrário do que acontece em Portugal. Se a popularidade atestasse a veracidade de algo, isto significaria que deus existia em Portugal, mas não na Holanda...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Revelações

Todas as religiões dizem terem sido reveladas, normalmente através de pessoas a que chamam profetas. Mas como podemos saber se uma revelação é uma mensagem de um deus, e não uma alucinação? Uma revelação é uma experiência pessoal. Mesmo que fosse de origem divina, não nos seria possível prová-lo. Normalmente os crentes de uma religião não acreditam nas revelações dos profetas de outras religiões. Quais delas serão mesmo revelações divinas? Para piorar a situação, elas são muitas vezes contraditórias, quer entre religiões, quer dentro da mesma religião.
Mas e se nós tivermos uma revelação? Mesmo que estejamos a ser sinceros, e mesmo que algum deus exista, uma sensação nunca pode servir de prova, quer para nós, quer para qualquer outra pessoa. Uma experiência inspiradora, é uma experiência emocional, acontece no nosso cérebro, e não existe maneira de sabermos se teve ou não origem divina. Então, para quê complicar?

quarta-feira, 3 de março de 2010

Casamento homossexual e adopção

Esta semana na revista "Activa" (não, eu não comprei a revista ;-) vinha um artigo com opiniões sobre o casamento homossexual. As opiniões a favor eram de Margarida Rebelo Pinto, Maria João Seixas, Vicky Fernandes e Inês Pedrosa. Do lado do contra estavam Nuno da Câmara Pereira, Isabel Neto e Mário Crespo. É sobre a opinião destes últimos que vou falar.
Todos eles afirmam ser a favor da igualdade de direitos entre homossexuais e heterossexuais, e todos acham que o nome das uniões entre casais homossexuais não deveria ser casamento, devendo este ficar reservado para uniões entre pessoas de sexo diferente. Eu tenho uma ideia para resolver este problema: vamos chamar-lhe cazamento! Problema resolvido... ou talvez não.
Confesso que não dou muito valor às opiniões de Nuno da Câmara Pereira sobre qualquer assunto, e ele continua a dar-me razões para continuar a não o fazer. Segundo ele "O casamento é a defesa da matriz 'família', e esta só se constitui entre pessoas de sexos diferentes, pois só estas pessoas conseguem transmitir genes e replicar o seu ADN."
Normalmente o casamento está associado à construção de uma família, mas uma família não tem de estar baseada num casamento (há muitas famílias onde os pais não são casados - incluindo aquelas onde os filhos são criados por um(a) pai/mãe solteiro(a)). Se o casamento desaparecesse por completo, continuava a haver famílias a cuidar e educar os seus filhos, pois evoluímos para ter esse cuidado, está em cada um de nós, não é uma recém criada instituição que faz a diferença. Vamos agora falar de genes e ADN... Sim, é verdade, um casal homossexual não pode, entre si, propagar os seus genes, mas há sempre formas de resolver o problema: dois casais homossexuais, um de cada sexo, podem-se reunir para, através de fertilização in vitro ou não, propagar os seus genes... Mas e então replicar o seu ADN? Um conselho: se não fazem ideia do que estão a falar, não falem do assunto à imprensa (claro que o devem discutir, se possível com alguém que saiba mais do assunto, senão nunca vão ficar a saber). A nível celular, todos nós replicámos constantemente o nosso ADN, mas não vejo o que isso tenha a ver com o casamento! A não ser que o Sr. Nuno da Câmara pense que os casais heterossexuais andem a fazer clonagem...

No que respeita à adopção de crianças por casais homossexuais, a Dra. Isabel Neto não gosta muito da ideia. Diz-nos então que "no melhor interesse dos menores, esta família [de adopção] deve ser composta por pai e mãe." Não, isso é mentira, tal como demonstram os vários estudos sobre o assunto, como por exemplo o estudo realizado por Scott Ryan da "The University of Texas School of Social Work", e por Paige Averett e Blace Nalavany, professores assistentes na "East Carolina University", que podem ver aqui. No nosso país há milhares de crianças à espera de serem adoptadas, muitas delas nunca o vão ser. Será que estão melhor nas instituições do que numa família onde os pais são do mesmo sexo? Não me parece...

O Sr. Mário Crespo não acrescenta muito ao discurso. Diz-nos ele que "O casamento é o mecanismo continuador das sociedades". Mas porquê? Não percebo... Os chimpanzés vivem em sociedade e não se casam... Num país com dezenas de milhares de divórcios por ano, será o casamento assim tão importante para a sociedade? Acho que não.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Atentados Suicidas

Desde a década de 80 do século XX, os atentados suicidas têm vindo a aumentar de uma forma exorbitante... Na década de 80 houveram, em média, 4,7 atentados por ano; na década de 90, 16 atentados; nos primeiros 6 anos da primeira década deste século a média já vai nuns astronómicos 264 atentados por ano...
Mesmo de ano para ano esta subida é bastante visível: em 2001 houve 81 atentados; em 2002, 91 atentados; em 2003, 99 atentados; em 2004, 163 atentados; em 2005, 460 atentados; em 2006, 749 atentados...

Penso que não será demasiado especulativo dizer que a grande maioria destes atentados não se teria realizado se a religião não tivesse um papel tão influente no nosso mundo...