quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Justiça Texana...

Khristian Oliver foi condenado à morte no estado do Texas. Desta vez ninguém disputa se a decisão foi correcta ou não. A discussão é sobre como os jurados chegaram ao veredicto.
Depois do julgamento começaram a surgir evidências de que os jurados tinham consultado a Bíblia durante a deliberação da sentença. Vários jurados confirmaram que haviam algumas Bíblias entre eles, e que várias passagens foram postas a circular, incluindo Números 35:16: "Mas se alguém ferir a outrem com instrumento de ferro de modo que venha a morrer, homicida é; e o homicida será morto." Parece contudo que ninguém referiu a passagem que se encontra logo de seguida (Números 35:22-25): "Mas se o empurrar acidentalmente, sem inimizade, ou contra ele lançar algum instrumento, sem ser de emboscada, ou sobre ele atirar alguma pedra, não o vendo, e o ferir de modo que venha a morrer, sem que fosse seu inimigo nem procurasse o seu mal, então a congregação julgará entre aquele que feriu e o vingador do sangue, segundo estas leis, e a congregação livrará o homicida da mão do vingador do sangue, fazendo-o voltar à sua cidade de refúgio a que se acolhera; ali ficará ele morando até a morte do sumo sacerdote, que foi ungido com o óleo sagrado."
Portanto parece-me que antes de procurar a resposta nas passagens da Bíblia temos de decidir sobre a sua culpa. Bom, mas depois de decidirmos sobre a sua culpa temos as nossas leis para aplicar, e não precisamos de procurar passagens na Bíblia para justificar a pena de morte.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Infidel


Há livros de que gostamos muito, alguns que lemos mais do que uma vez, e alguns que gostaríamos que toda a gente lesse. Eu leio muito, e por isso tenho muitos livros de que gosto muito, alguns que li (ou espero ler) mais de uma vez, e dois ou três que gostaria que toda a gente lesse: por favor, se ainda não o fizeram, leiam este livro: "Infidel - my life" de Ayaan Hirsi Ali (o título em português é "Uma mulher rebelde"). Garanto que não vos vai deixar indiferentes.
O livro conta, na primeira pessoa, a história verídica da política Ayaan Hirsi Ali. Eu gostaria de vos contar pormenores sobre a história, mas perante o dilema: ou conto pormenores de mais, e vou estragar a surpresa; ou não conto nada e deixo-os(as) tirar as suas conclusões - resolvi-me pela segunda solução!
Não é um livro de leitura fácil! Posso-vos dizer que durante a minha leitura do livro houve momentos em que me senti com muita sorte: por ter nascido deste lado do mundo, e por ser homem! Mas foram esses também os momentos em que senti maior angustia... Todos sabemos que não vivemos num mundo perfeito, mas nem todos temos a noção do quão imperfeito ele é... Eu não tinha, pelo menos tão completamente.
Depois de lido o livro, dei comigo a pensar em quantos sub-mundos existem neste nosso "pequeno" mundo, dos quais apenas nos chegam ecos, muitas vezes distorcidos...
Se não acham que têm tempo para ler o livro, têm outra solução, que em alguns aspectos é ainda melhor (para aqueles que entendem inglês): comprem o audiobook lido pela autora, e ouçam-no durante as viagens para o trabalho.