quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Justiça!

Há uns tempos vi um vídeo de Christopher Hitchens onde ele apresentava uma argumentação que na altura me deixou a pensar um bocado...
O caso de Josef Fritzl ainda nos está na memória. Ele manteve a sua filha, Elisabeth, prisioneira na cave de sua casa durante 24 anos! Durante esses anos ele violou-a constantemente, e dessa relação nasceram 7 filhos, um dos quais acabou por morrer por não receber assistência médica. Elisabeth viu o filho morrer, e ser depois queimado na central de aquecimento da casa.
Será que conseguimos imaginar a dor de Elisabeth? Mantida refém pelo próprio pai, violada constantemente? Quantas vezes terá ela rezado, com mais fervor do que muita gente, pedindo a Deus que terminasse com o seu sofrimento? Quantas vezes terá perguntado a Deus "porquê"? Quantas promessas terá feito a Deus para que a libertasse? Será que conseguimos imaginar? Durante 24 anos? Será que alguém terá rezado com mais vontade, com mais necessidade?
Alguém terá coragem de a olhar nos olhos, e de lhe dizer: "Porque choras? Não te preocupes, está tudo bem. Deus é todo poderoso, e na próxima vida ele vai-te recompensar, e o teu raptor será severamente castigado".

O mundo não é justo, e isso não é bom. Sentimos necessidade de uma justiça num outro mundo, porque vemos que muita gente não a tem neste. Mas não nos deixemos iludir: não sabemos nada de outros mundos, por isso temos de viver com aquilo que temos. A vida muitas vezes é injusta. Nós temos de lutar para que a justiça chegue neste mundo. Umas vezes chega, outras não, mas temos de continuar a tentar. Como todos sabemos, o mundo não é perfeito.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Factos históricos

Muitas vezes é usado o argumento que diz que, porque a Bíblia menciona factos históricos comprovados, deve-se supor também que outros factos lá relatados, incluindo eventos sobrenaturais (como o dilúvio), sejam também verdadeiros. É claro que este não é um argumento válido. A Bíblia é um conjunto de histórias, escritas por diferentes pessoas, algumas das quais existem desde a idade do bronze, e estarem misturadas com factos históricos não as torna verdadeiras. Se assim fosse, então toda a acção d'Os Lusíadas seria também verdade, incluindo as referências aos deuses do Olimpo...
É claro que se queremos que algum relato seja credível, devemos enchê-lo de factos históricos, todos verdadeiros e possíveis de comprovar. Mas nem isso os autores da Bíblia fizeram em condições, como se vê no caso do recenseamento que levou Jesus a nascer em Belém, tal como previam as escrituras. Os romanos eram muito organizados, e faziam censos regularmente, dos quais se manteve os registos. Não há qualquer evidência da existência de um censo no ano em que a Bíblia diz que houve, e os historiadores acreditam que não houve de facto nenhum censo nesse ano. O censo foi uma desculpa para garantir que Jesus nascia em Belém, como havia sido anunciado.
Distorção de factos históricos também tornam uma história mais verídica?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Deus de Dawkins

Acabei de ler há 15 dias o livro 'O Deus de Dawkins', de Alister McGrath. Antes de o fazer, como me pareceu lógico, li alguns dos livros que o mesmo prometia discutir, nomeadamente 'O gene egoísta' e 'O relojoeiro cego', ambos de Richard Dawkins. Dei também uma vista de olhos em algumas palestras de Richard Dawkins nas quais expunha os factos de 'O monte improvável' e 'Decompondo o Arco-Íris'. Devo dizer que vale a pena ler qualquer um destes livros. Nos livros de Dawkins fiquei a aprender muito sobre biologia, em particular sobre selecção natural. Em todos eles Dawkins refutava deus, e argumentava contra todas as religiões. Depois foi a vez de ler McGrath. Fiquei positivamente surpreendido. Esperava um ataque cego e sujo, como tanto se vê quando se fala de religião, mas não foi o caso. McGrath foi incisivo. Mostrou como Richard Dawkins era um biólogo excepcional, e um grande comunicador, mas lamentou o facto de ele não aplicar todo o rigor que aplicava à ciência, quando falava de religião. Mas o que McGrath parece não compreender é que não são teólogos como ele (que estão à frente no pensamento cristão), que falam todos os domingos com o povo nos sermões. Antes fossem! E é para essas pessoas que Dawkins escreve. É a elas que Dawkins tenta convencer. McGrath diz que Dawkins está a argumentar contra ideias que já foram desacreditadas pela Igreja. Talvez tenham sido, mas alguém se esqueceu de avisar o povo... Dawkins não tem culpa de a Igreja querer manter na ignorância os seus fiéis. Tomemos como exemplo a ideia de Inferno. Dawkins (como outros antes, nomeadamente Bertrand Russel) defende que a ideia de inferno foi uma das piores criações do Cristianismo (ou de Jesus, se preferirem). Usar esse tipo de ameaça em crianças é uma forma de abuso infantil. McGrath argumenta que a ideia de inferno já foi desacreditada pela maioria dos teólogos, e que já não faz parte da principal corrente do cristianismo... Ai não? Evidentemente que se esqueceram de avisar os padres que eu conheço! Ainda hoje na catequese é ensinado às crianças que se pecarem vão parar ao fogo do inferno, onde ficam em agonia para sempre...
Mas não pensem que o livro não vale a pena. Tirando uns quantos pontos aqui e ali, o livro é muito bom de se ler.

Massacre!

Esta semana um homem, de nome George Sodini, entrou num ginásio nos E.U.A. e, depois de apagar as luzes, começou a disparar em todas as direcções. Matou 3 mulheres e feriu mais 10 pessoas antes de por termo à sua vida. Deixou um diário online, onde se pode ler (numa tradução livre):
"Talvez brevemente, eu vá ver Deus e Jesus. Pelo menos foi isso que me disseram. A vida eterna NÃO depende das nossas obras. Se dependesse, todos íamos para o inferno. Cristo pagou por TODOS os pecados, por isso como posso eu ou você ser julgado POR DEUS por um pecado quando a pena JÁ foi cumprida. As pessoas julgam mas isso não interessa. Eu comecei ontem a ler a bíblia e "The Integrity of God", porque em breve me vou encontrar com eles."

Claro que ninguém acredita que ele fez o que fez por causa da religião. Com certeza que uma visita ao psiquiatra era o que bastava para evitar todo o sangue derramado. Mas, tal como frisou Hemant Mehta, e se George Sodini fosse ateu, e o texto acima fosse do género:
"Talvez brevemente isto vá acabar. Pelo menos foi isso que me disseram. A vida não interessa porque todos somos acidentes. É isso que dizem os ateus. Não existe paraíso nem inferno, e o que eu fizer nesta vida não interessa. Estamos todos num pálido ponto azul no Universo e as nossas acções serão, de qualquer maneira, esquecidas numa questão de anos. O Hitler e a Madre Teresa estão todos no mesmo sítio, e eu vou-me juntar a eles. Como posso eu ou você ser julgados POR DEUS por pecar, se deus não existe? Eu comecei ontem a ler a Bíblia só para ver mais uma vez o quão ridícula é."

Se este fosse o texto, qual seria a reacção dos cristãos (e teístas em geral)? Será que não iriam apontar o dedo ao ateísmo? Não tenho dúvidas que sim.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Será Jesus???

Viajava muito, e era um grande professor e mestre. Tinha doze companheiros que o seguiam para onde fosse. Era comum fazer milagres. Era chamado de "Bom Pastor", "o caminho, a verdade e a luz", "o redentor", "o salvador", "o Messias", o "filho de Deus". Era considerado a "fonte da vida". Era por ele que as almas dos mortos eram redimidas e levadas para um mundo melhor, o paraíso. O seu aniversário era celebrado com uma grande festa a 25 de Dezembro. Usava o baptismo para purificar os pecados. O domingo era considerado o dia sagrado, o "dia do senhor". Nasceu de uma virgem, e foi adorado por magos que lhe fizeram oferendas. Morreu crucificado, e ressuscitou ao terceiro dia. A sua ressurreição era celebrada todos os anos, e era a sua principal celebração, na altura do ano que agora chamámos Páscoa. Os seus crentes acreditavam no céu e no inferno, e também numa cheia enorme que aconteceu no início da história da Terra. Acreditavam que a alma era eterna, que iria haver um julgamento final, e na ressurreição dos mortos. Os seus discípulos fundaram uma igreja com uma hierarquia bem desenvolvida. Tinham uma euraristia, ou "ceia do senhor", onde se consagrava o pão e a água, e onde o vinho consagrado tinha um papel importante. O local onde se situa o Vaticano era um local onde se realizava a sua adoração.

Quem é a nossa personagem mistério?
R: o deus romano Mithra (séc. IV a.C.)! [1] [2]